A tristeza de Jeremias. Ele convida o povo a reconhecer o seu pecado e a voltar para Deus, para obter misericórdia
Álefe.
1 Eu sou o homem que viu a aflição pela vara do seu furor. 2 Ele me levou e me fez andar em trevas e não na luz. 3 Deveras se tornou contra mim; virou contra mim de contínuo, a mão todo o dia.
Bete.
4 Fez envelhecer a minha carne e a minha pele, quebrantou os meus ossos. 5 Edificou contra mim e me cercou de fel e trabalho. 6 Assentou-me em lugares tenebrosos, como os que estavam mortos há muito.
Guímel.
7 Circunvalou-me, e não posso sair; agravou os meus grilhões. 8 Ainda quando clamo e grito, ele exclui a minha oração. 9 Circunvalou os meus caminhos com pedras lavradas, fez tortuosas as minhas veredas.
Dálete.
10 Fez-me como urso de emboscada, um leão em esconderijos. 11 Desviou os meus caminhos e fez-me em pedaços; deixou-me assolado. 12 Armou o seu arco, e me pôs como alvo à flecha.
Hê.
13 Fez entrar nos meus rins as flechas da sua aljava. 14 Fui feito um objeto de escárnio para todo o meu povo e a sua canção todo o dia. 15 Fartou-me de amarguras, saciou-me de absinto.
Vau.
16 Quebrou com pedrinhas de areia os meus dentes; cobriu-me de cinza. 17 E afastaste da paz a minha alma; esqueci-me do bem. 18 Então, disse eu: Já pereceu a minha força, como também a minha esperança no Senhor.
Zain.
19 Lembra-te da minha aflição e do meu pranto, do absinto e do fel. 20 Minha alma, certamente, se lembra e se abate dentro de mim. 21 Disso me recordarei no meu coração; por isso, tenho esperança.
Hete.
22 As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim. 23 Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade. 24 A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nele.
Tete.
25 Bom é o Senhor para os que se atêm a ele, para a alma que o busca. 26 Bom é ter esperança e aguardar em silêncio a salvação do Senhor. 27 Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade;
Jode.
28 assentar-se solitário e ficar em silêncio; porquanto Deus o pôs sobre ele. 29 Ponha a boca no pó; talvez assim haja esperança. 30 Dê a face ao que o fere; farte-se de afronta.
Cafe.
31 Porque o Senhor não rejeitará para sempre. 32 Pois, ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão segundo a grandeza das suas misericórdias. 33 Porque não aflige nem entristece de bom grado os filhos dos homens.
Lâmede.
34 Pisar debaixo dos pés todos os presos da terra, 35 perverter o direito do homem perante a face do Altíssimo, 36 subverter o homem no seu pleito, não o veria o Senhor?
Mem.
37 Quem é aquele que diz, e assim acontece, quando o Senhor o não mande? 38 Porventura da boca do Altíssimo não sai o mal e o bem? 39 De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados.
Nun.
40 Esquadrinhemos os nossos caminhos, experimentemo-los e voltemos para o Senhor. 41 Levantemos o coração juntamente com as mãos para Deus nos céus, dizendo: 42 Nós prevaricamos e fomos rebeldes; por isso, tu não perdoaste.
Sâmeque.
43 Cobriste-nos de ira e nos perseguiste; mataste, não perdoaste. 44 Cobriste-te de nuvens, para que não passe a nossa oração. 45 Como cisco e rejeitamento, nos puseste no meio dos povos.
Pê.
46 Todos os nossos inimigos abriram contra nós a sua boca. 47 Temor e cova vieram sobre nós, assolação e quebrantamento. 48 Torrentes de águas derramaram os meus olhos, por causa da destruição da filha do meu povo.
Ain.
49 Os meus olhos choram e não cessam, porque não há descanso, 50 até que o Senhor atente e veja desde os céus. 51 O meu olho move a minha alma, por causa de todas as filhas da minha cidade.
Tsadê.
52 Como ave, me caçaram os que são meus inimigos sem causa. 53 Arrancaram a minha vida na cova e lançaram pedras sobre mim. 54 Águas correram sobre a minha cabeça; eu disse: Estou cortado.
Cofe.
55 Invoquei o teu nome, Senhor, desde a mais profunda cova. 56 Ouviste a minha voz; não escondas o teu ouvido ao meu suspiro, ao meu clamor. 57 Tu te aproximaste no dia em que te invoquei; disseste: Não temas.
Rexe.
58 Pleiteaste, Senhor, os pleitos da minha alma, remiste a minha vida. 59 Viste, Senhor, a injustiça que me fizeram; julga a minha causa. 60 Viste toda a sua vingança, todos os seus pensamentos contra mim.
Chim.
61 Ouviste as suas afrontas, Senhor, todos os seus pensamentos contra mim; 62 os lábios dos que se levantam contra mim e as suas imaginações contra mim todo o dia. 63 Observa-os ao se assentarem e ao se levantarem; eu sou a sua canção.
Tau.
64 Tu lhes darás a recompensa, Senhor, conforme a obra das suas mãos. 65 Tu lhes darás ânsia de coração, maldição tua sobre eles. 66 Na tua ira, os perseguirás, e eles serão desfeitos debaixo dos céus do Senhor.
La misericordia de Dios es constante
1 Yo soy aquel que ha visto la aflicción
bajo el látigo de su enojo.
2 Me ha llevado por un sendero
no de luz sino de tinieblas.
3 A todas horas vuelve y revuelve
su mano contra mí.
4 Ha hecho envejecer mi carne y mi piel;
me ha despedazado los huesos.
5 Ha levantado en torno mío
un muro de amargura y de trabajo.
6 Me ha dejado en las tinieblas,
como a los que murieron hace tiempo.
7 Por todos lados me asedia y no puedo escapar;
¡muy pesadas son mis cadenas!
8 Grito pidiéndole ayuda,
pero él no atiende mi oración.
9 Ha cercado con piedras mis caminos;
me ha cerrado el paso.
10 Como un oso en acecho,
como león agazapado,
11 me desgarró por completo
y me obligó a cambiar de rumbo.
12 Tensó su arco y me puso
como blanco de sus flechas.
13 Me clavó en las entrañas
las saetas de su aljaba.
14 Todo el tiempo soy para mi pueblo
motivo de burla.
15 ¡Me ha llenado de amargura!
¡Me ha embriagado de ajenjo!
16 Me ha roto los dientes,
me ha cubierto de ceniza.
17 Ya no sé lo que es tener paz
ni lo que es disfrutar del bien,
18 y concluyo: «Fuerzas ya no tengo,
ni esperanza en el Señor.»
19 Tan amargo como la hiel es pensar
en mi aflicción y mi tristeza,
20 y lo traigo a la memoria
porque mi alma está del todo abatida;
21 pero en mi corazón recapacito,
y eso me devuelve la esperanza.
22 Por la misericordia del Señor
no hemos sido consumidos;
¡nunca su misericordia se ha agotado!
23 ¡Grande es su fidelidad,
y cada mañana se renueva!
24 Por eso digo con toda el alma:
«¡El Señor es mi herencia, y en él confío!»
25 Es bueno el Señor con quienes le buscan,
con quienes en él esperan.
26 Es bueno esperar en silencio
que el Señor venga a salvarnos.
27 Es bueno que llevemos el yugo
desde nuestra juventud.
28 Dios nos lo ha impuesto.
Así que callemos y confiemos.
29 Hundamos la cara en el polvo.
Tal vez aún haya esperanza.
30 Demos la otra mejilla a quien nos hiera.
¡Cubrámonos de afrentas!
31 El Señor no nos abandonará para siempre;
32 nos aflige, pero en su gran bondad
también nos compadece.
33 No es la voluntad del Señor
afligirnos ni entristecernos.
34 Hay quienes oprimen a todos
los encarcelados de la tierra,
35 y tuercen los derechos humanos
en presencia del Altísimo,
36 y aun trastornan las causas que defienden.
Pero el Señor no lo aprueba.
37 ¿Quién puede decir que algo sucede
sin que el Señor lo ordene?
38 ¿Acaso lo malo y lo bueno no proviene
de la boca del Altísimo?
39 ¿Cómo podemos quejarnos,
si sufrimos por nuestros pecados?
40 Examinemos nuestra conducta;
busquemos al Señor y volvámonos a él.
41 Elevemos al Dios de los cielos
nuestras manos y nuestros corazones.
42 Hemos sido rebeldes y desleales,
y tú no nos perdonaste.
43 Lleno de ira, no nos perdonaste;
¡nos perseguiste y nos mataste!
44 Te envolviste en una nube
para no escuchar nuestros ruegos.
45 Entre los paganos hiciste de nosotros
motivo de vergüenza y de rechazo.
46 Todos nuestros enemigos nos tuercen la boca;
47 son para nosotros una trampa,
¡son motivo de temor, destrucción y quebranto!
48 ¡Los ojos se me llenan de llanto
al ver el desastre de mi ciudad amada!
49 Mis ojos no dejan de llorar,
pues ya no hay remedio,
50 a menos que desde los cielos
el Señor se digne mirarnos.
51 Me llena de tristeza ver el sufrimiento
de las mujeres de mi ciudad.
52 Mis enemigos me acosaron sin motivo,
como si persiguieran a un ave;
53 me ataron y me arrojaron en un pozo,
y sobre mí pusieron una piedra;
54 las aguas me llegaron hasta el cuello,
y llegué a darme por muerto.
55 Desde el fondo de la cárcel
invoqué, Señor, tu nombre,
56 y tú oíste mi voz; no cerraste tus oídos
al clamor de mis suspiros;
57 el día que te invoqué, viniste a mí
y me dijiste: «No tengas miedo.»
58 Tú, Señor, me defendiste;
me salvaste la vida.
59 Tú, Señor, viste mi agravio
y viniste en mi defensa;
60 te diste cuenta de que ellos
solo pensaban en vengarse de mí.
61 Tú, Señor, sabes cómo me ofenden,
cómo hacen planes contra mí;
62 sabes que mis enemigos
a todas horas piensan hacerme daño;
63 ¡en todo lo que hacen
soy el tema de sus burlas!
64 ¡Dales, Señor, el pago que merecen sus acciones!
65 ¡Déjalos en manos de su obstinación!
¡Que tu maldición caiga sobre ellos!
66 En tu furor, Señor, ¡persíguelos!
¡Haz que desaparezcan de este mundo!